Entre redemoinhos e tubos, uma jornada viva em Maresias
Um turbilhão. É a terceira ou quarta vez que tento começar este texto, e entre todas as tentativas que acabaram em nada, todas elas começavam com essa bendita palavrinha: turbilhão. Fui buscar no dicionário o significado amplo dessa pequena, porém robusta palavra.
Turbilhão é o movimento rápido da água em forma de redemoinho, gerado no exato encontro de correntes de duas marés.
Eis que encontro essa definição na Wikipédia. Tudo bem que não devemos confiar cegamente nessa fonte, mas gostei dela. Porque me levou ao mar.
E foi no turbilhão das marés internas que vivi dias intensos e felizes durante a cobertura do Circuito Banco do Brasil de Surfe – Etapa São Sebastião.
Durante o evento, recebi o convite da colega de mar e profissão, Erica Prado, para participar da transmissão ao vivo. Adorei e aceitei. É sempre uma adrenalina gostosa entrar ao vivo.
Na ocasião, o locutor Paulo Issa me perguntou como fui parar nesse lugar, quando decidi que seria uma jornalista de surfe.
E, repentinamente, fiz uma viagem no tempo. Revisitei os sonhos que me levaram a assumir esse papel delicioso, divertido e, às vezes, um tanto ácido.
Tive o apoio de muitas pessoas nesses dias de cobertura do Circuito, e gostaria de agradecer a cada uma delas. Fui muito bem tratada, estive ao lado de nomes que certamente estarão no topo. Presenciei tubos e aéreos espetaculares.
Entrevistei atletas que admiro, como Mateus Herdy e Julia Nicanor. Viajei de volta à Ubatuba ao lado de Juliana dos Santos, certamente, a mulher mais guerreira dos últimos tempos.
Presenciei cenas que ficarão na memória. Ouvi desabafos de atletas que sofrem a pressão diária. Fiz meu trabalho da forma mais apaixonada e respeitosa possível.
Hoje, uma amiga me perguntou:
— Mas e aí, como foi?
Parei por um momento, e respondi:
— Me senti viva.
Agradeço à WSL Brasil pela confiança no meu trabalho e pela oportunidade de fazer o que mais amo no mundo: ser jornalista de surfe.
O Circuito Banco do Brasil de Surfe – Etapa São Sebastião é um QS de peso: são 6 mil pontos no ranking e mais de 50 mil reais no bolso de quem tem a sorte e o talento de chegar ao topo do pódio. Mas é muito mais do que isso. É um evento que promove o surfe e tudo o que ele representa: a celebração da vida, da saúde e do bem-estar.
Vi crianças, jovens, idosos, homens e mulheres se divertindo na praia, celebrando cada instante como se fosse único.
Vi também as dores, os dramas e a pressão invisível que acompanha quem se entrega de corpo e alma.
Afinal, a vida é assim: feita de luz e sombra, de altos e baixos. Enquanto uns choram, outros comemoram no espetáculo real e vibrante que é o show da vida.