Paciência foi uma das maiores lições que o surf ensinou a Rob Machado — e isso diz muito sobre como devemos nos comportar no mar e sobre como devemos alinhar nossas expectativas diante da vida.
Hoje, a newsletter é sobre como as emoções afetam nossas sessões de surf. É também sobre como evitar que estados emocionais negativos nos afastem do mar e sobre a atenção necessária para perceber as lições que o surf nos oferece a cada sessão.
Ontem, fui surfar sozinha — um hábito que adquiri com o tempo e que me faz muito bem, embora eu nem sempre me incentive a praticá-lo. Prefiro, e sou mais propensa, a surfar quando tenho companhia. Estímulos externos são importantes para nos tirar da zona de conforto, mesmo que essa zona seja um estado emocional miserável, como a ansiedade.
Passei por uma semana difícil e não consigo identificar muitas razões, a não ser minha já conhecida instabilidade hormonal de todo mês.
Mesmo vivendo isso há décadas, ainda me distraio e caio na cilada de buscar outras explicações (além da TPM) para minha melancolia repentina ou impaciência cortante.
Nessa fase, faço certos esforços inconscientes para evitar o surf, mesmo sabendo que uma sessão no mar pode me salvar daquela angústia sem fundamento.
Claro que, quase sempre, há uma origem para o mal-estar: como o gasto de dinheiro sem propósito, a dificuldade de poupar ou, simplesmente, o pensamento recorrente sobre uma aposentadoria que talvez chegue quando eu já estiver morta. Preocupações que não pertencem ao momento presente.
Uma lição que aprendi ontem foi sobre como o ambiente aquático pode elevar (antes de “curar”), as emoções. Como disse, eu estava uma pilha de ansiedade. Então, quando entrei no mar, tudo que consegui fazer nos primeiros 40 minutos foi conversar comigo mesma, para entender de onde vinha o desconforto que fazia meu coração acelerar. Sentia também certa fraqueza muscular, como se a tensão da ansiedade drenasse minha força.
Levou quase uma hora pra que eu começasse a me sentir eu de novo. E, a partir do momento em que me reencontrei na água, fui agraciada com uma belíssima esquerda. Um drop no lugar perfeito, uma boa cavada, um fluir rápido e certeiro até o momento exato da batida — bem na junção. Completei a manobra, caí amortecendo os joelhos, que andam querendo me dizer algo. Foi tudo perfeito. Nada de dor. Apenas uma alegria viva.
Pensei em soltar um grito. Um grito de alívio por arrancar um monstro do peito. Mas me acanhei. Achei melhor guardar.
Os demônios, afinal, já haviam sido exorcizados.
🌊 Melhores momentos em Portugal
A etapa de Supertubos, em Portugal, terceira do calendário do CT da WSL, terminou com a vitória de Yago Dora em uma final 100% brasileira. Como esperado, a disputa contra Ítalo Ferreira foi até o último segundo e, apesar das inúmeras tentativas, o líder do ranking não conseguiu tirar a vitória de Yago — que parecia estar predestinado.
Na categoria feminina, a etapa foi mais morna. A final entre Caroline Marks e Gabriela Bryan foi um tanto decepcionante, assim como a desclassificação das novatas Molly Picklum e Erin Brooks. Ainda assim, as mulheres mostraram um surf de altíssimo nível.
As lycras amarelas seguem com os mesmos detentores desde a etapa anterior. Ítalo e Caity continuam na liderança.
🎥 E por falar em Caity…
A surfista estrela mais um vídeo recém-lançado no YouTube. Blouse é a nova produção da Toasted Media. Uma delícia de assistir.
🔥 De olho em Carol Bastides
Com um surf afiado, polido e muita competitividade, a paulista fez história ao vestir pela primeira vez a lycra da WSL — e fez bonito. Em uma final eletrizante, a novata quase desbancou Daniella Rosas no Taíba Pro, no Ceará.
Conversei com Carol, e a entrevista você confere AQUI.
🏁 WSL Layback Pro define campeões sul-americanos e classificados para o Challenger Series 2025
O WSL Layback Pro encerrou a temporada 2024/2025 da WSL South America e confirmou os nomes que garantiram vaga no Challenger Series 2025, caminho direto para o Championship Tour.
No último sábado, 22, os catarinenses Lucas Vicente e Laura Raupp comemoraram seus primeiros títulos de campeões sul-americanos da World Surf League. Além dos campeões, também garantiram vaga no Challenger: Franco Radziunas (Argentina) e Daniella Rosas (Peru), vice-campeões sul-americanos; Lucas Silveira e Arena Rodriguez (Peru), terceiros colocados no ranking; Peterson Crisanto (4º), José Francisco (5º), Wesley Leite (6º) e Igor Moraes (7º).
O Challenger Series começa em junho, na Austrália, e será a chance para os atletas buscarem uma vaga no CT 2026.