Uma semana agitada no surf: piscina no Oriente Médio e outros assuntos
Entre performances inesquecíveis e polêmicas, a etapa na piscina de ondas levanta debates sobre o futuro do surf
Conforme prometido toda terça me comprometo a trazer um texto na newsletter. Hoje ela sai meio bagunçada, então já peço desculpas.
Mas estou animada. Tenho pensado em quantas alegrias o surf me deu e como é bom estar na água. Retomei minha frequência no mar e sigo empolgada pra escrever sobre surf.
Também retomei o site e venho pensando em formas de ganhar algum trocado — por isso, ativei assinaturas pagas por aqui. Já fica a dica :)
Caity Simmers e as mulheres na piscina de ondas
O texto de hoje é também sobre Caity Simmers e a atuação das mulheres na piscina de ondas. Caity fez uma das performances mais empolgantes do evento, considerando homens e mulheres.
Dona da maior nota da etapa (9.57), a surfista surpreendeu mais uma vez ao combinar criatividade, radicalidade e comprometimento. Mas o que mais chama atenção é a inteligência que leva a uma leitura de onda excepcional.
Seu ponto forte é ser autêntica, característica rara no surf de competição.
Caity traduz uma naturalidade quase incompreensível.
Que sorte a nossa tê-la competindo. E que alegria ver as finalistas contemplando a piscina juntas, aguardando o resultado do Surf Abu Dhabi Pro.
Um evento previsível, mas eletrizante
A etapa trouxe muitos pontos a serem discutidos. Apesar da previsibilidade, provou que pode ser eletrizante, com momentos inesperados.
Um deles foi o incidente envolvendo os brasileiros Filipe Toledo e Thiago Diz, fotógrafo da WSL. Posicionado no lugar errado, Diz acabou prejudicando a finalização de Filipe, que já não fazia uma boa bateria. Apesar disso, o erro maior talvez tenha sido da própria WSL, que optou por não reiniciar a bateria, forçando Filipe a continuar competindo sem tempo para se refazer ou entender as consequências do incidente.
A etapa na piscina — e a performance de Caity — levantam um debate central sobre o surf atual, especialmente no contexto das ondas artificiais: uma etapa na piscina expõe a progressividade do surf ou se limita a avaliar a resistência física e mental dos atletas?
O surf coreografado e previsível foi visto repetidamente, salvo exceções como Ítalo e Caity, que extrapolaram os limites. No restante, nada excepcional.
O lado bom e as controvérsias
O ponto positivo é que apesar do vento e uma tempestade de areia, as ondas estavam intactas e com hora marcada. Isso facilitou acompanhar o show.
Outro detalhe curioso foi a ausência de bandeiras nos uniformes dos atletas, algo observado pelo jornal O Globo, escrita pelo colega Renato de Alexandrino. A especulação girou em torno de Tyler Wright e a bandeira LGBTQIA+ que costuma estampar.
Em um país onde sua sexualidade é crime, exibir essa bandeira também seria?
No mais, a piscina proporcionou uma ótima etapa: Rio Waida, da Indonésia, na final, uma batalha super acirrada entre as mulheres e o showman brasileiro Italo Ferreira.
Foi um espetáculo para ninguém botar defeito.
Vamos colocar o sportwashing de lado e celebrar um pouco — ainda que ingenuamente — a democrática, se é que você me entende, onda artificial.